Paper
Afetos (im)pertinentes: relações feministas e antirracistas nas fronteiras entre academia e ativismo
presenters
Tchella Fernandes Maso
Nationality: Brazil
Residence: Brazil
Universidad de Brasília/ Universidad Federal de Roraima.
Presence:Online
Keywords:
amizade, pedagogía descolonial, América Latina
Abstract:
Este trabalho reflete sobre a viabilidade da construção de laços de amizade em contextos acadêmicos, analisando a relação entre uma professora branca feminista e suas orientandas: uma negra, uma mulher trans e uma indígena. Elas se aproximam pela identificação com o feminismo e a luta antirracista. Ao estabelecer o trabalho de orientação de conclusão de curso, a professora percebe que alguns afetos fogem ao habitual, suscitando as perguntas: isso é uma amizade? O que é uma amizade feminista? Quais são os potenciais dessas relações para a luta antirracista e feminista trans?
A pesquisa baseia-se em uma reflexão sobre 10 anos de prática docente em diversas regiões de fronteira do Brasil, desde a tríplice fronteira sul até a tríplice fronteira do extremo norte, incluindo o planalto central. A análise parte de uma revisão da literatura latino-americana sobre amizades e utiliza uma abordagem qualitativa, com base em narrativas e experiências pessoais. A hipótese central é que as relações acadêmicas de orientação, quando mediadas pelo afeto, respeito e aprendizado mútuo, têm o potencial de se transformarem em amizades. Essas amizades podem atuar como forças mobilizadoras na luta antirracista e feminista trans, desafiando e reconfigurando dinâmicas tradicionais de poder e hierarquia no ambiente acadêmico.
Três aspectos são alvo de análise: o compartilhamento de perspectivas feministas críticas e descoloniais como oportunidade de sensibilização e questionamento de hierarquias, permitindo que as estudantes assumam um papel central na construção teórica e prática da luta feminista; a inversão de papéis, momento em que a professora se vê como aprendiz, participando de uma pesquisa sobre a realidade brasileira; e as limitações impostas pela assimetria de classe e a relação de poder imposta pela condição de professora orientadora.
Conclui-se que as relações acadêmicas que incorporam afeto e respeito têm o potencial de se transformarem em amizades que impulsionam a luta