Este estudo antropológico investiga os itinerários burocráticos enfrentados pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, comparando com o sistema de saúde pública de Barcelona. Realizada principalmente no Brasil, a pesquisa utiliza uma abordagem etnográfica para documentar e analisar as experiências dos usuários na busca por uma consulta especializada. Observações e entrevistas aprofundadas revelam as complexidades e violências estruturais presentes nas práticas institucionais da saúde pública. O estudo destaca a importância de uma perspectiva "de dentro", onde a experiência dos usuários é central para compreender os desafios no acesso à saúde. As filas, esperas e protocolos burocráticos são vistos como práticas que perpetuam desigualdades e violências estruturais, afetando desproporcionalmente a população marginalizada. Inspirada nos conceitos de Paul Farmer, Akhil Grupta e Herzfeld, a pesquisa investiga como imposições institucionais e a indiferença burocrática limitam o acesso a direitos básicos de saúde. O objetivo central é explorar como a antropologia pode desmantelar esses padrões burocráticos e propor melhorias nas políticas públicas de saúde. Ao documentar os desafios enfrentados pelos usuários do SUS e compará-los com o sistema de saúde de Barcelona, o estudo busca fornecer uma base empírica para a crítica e reforma das práticas institucionais, visando maior eficiência e equidade no acesso à saúde. A abordagem antropológica e comparativa enfatiza a necessidade de repensar a relação vertical entre cidadão e política pública para transformar práticas institucionais. A relevância para apresentação está na sua contribuição para a antropologia jurídica, da saúde, do estado e da burocracia, oferecendo uma análise crítica e multidisciplinar das burocracias institucionais brasileiras e espanholas e suas consequências para o acesso à saúde. A pesquisa sugere melhorias práticas nas políticas públicas de saúde para reduzir desigualdades e aumentar a justiça social, destacando a importância de incorporar as vozes dos diretamente afetados pelas políticas de saúde.